segunda-feira, 24 de novembro de 2008






Sobre:


Literatura Infanto-Juvenil


O Menino do Livro – Jacira Fagundes – Ilustrações de Vagner dos Santos – Porto Alegre – Nova Prova – 2008.


...um cochicho...


Você lembra de suas travessuras? E de como era bom termos segredos? De como a gente sonhava acordado, e que um dia para passar, levava um mês inteiro? Lembra? Oba! Que bom que você recorda. Sinal que já estás acordado. Às vezes temos saudades daqueles tempos, mas se afrouxarmos um pouco os cadarços e colocarmos a mão em nosso coração, sentiremos o barulho dos papéis. Consegues ouvir? É o barulho de nossas histórias. Agora abra uma delas. Gostaria de lhe apresentar alguém interessante. Quero saber o que você acha do meu amigo do Livro. Senta aqui...


...na Feira...


Às 14:00h pontualmente, a escritora já estava pronta para autografar sua obra. O palanque de autógrafos estava cheio de companheiros. Amiguinhos que também iriam autografar e que queriam muito conhecê-lo. No Cais, fazia muito calor. Uma calor de encher de preguiça o vento. Uma amiga da autora que também era amiga do Menino do Livro, pediu a atenção de todos e foi logo dizendo: _ Sempre ouvimos dizer que o Livro nos leva a viajar. Que as histórias podem mudar de nosso olhar, a cor. Há quem pense não ser possível. Há quem leia um livro sem mover-se. Certamente estes não possuem olhos de viajor. Ainda bem que existem criativos leitores e excelentes profissionais que possuem esse poder. Que acreditam que conduzir, desde cedo, nossa imaginação por aí, nos torna mais felizes cidadãos. Quem visita livros regularmente sabe de seus propósitos. Suas intenções. E os que passeiam em seus vários mundos, em belas viagens no ombro de cada escritor, acabam os acolhendo e os chamando de amigo. Foi assim que Jacira Fagundes compôs seu trabalho. Pensando em seus parceiros. Sem importar-se se estavam esparramados pelo chão ou encolhidos em suas poltronas, disfarçados de almofadas para não serem perturbados, entrega-lhes sua obra e carinhosamente lhes apresenta o “Menino do Livro”, dizendo:


...no Livro...


Esta história narra o desafio de Rafael e sua irmã Laura encontrarem um nome e uma identidade para um personagem que foi recortado de um incompleto livro. Como prova de amizade e por identificar-se com o menino do livro, Rafa com a ajuda da prima Cris, traça um plano para descobrir quem é e de onde veio. A aventura tem como cenário o ambiente familiar e a confusão ganha força no momento em que o “menino recorte” adquire vida e conduz Rafael para o interior de alguns livros infantis. Procurando saber de seu passado na literatura, ele conta com o apoio de vários personagens que lhe dão dicas para descobrir-se.


...no encerramento...


Se você quiser seguí-los e saber em que livro isto vai parar, apresse-se em encontrar a obra “O Menino do Livro”, porque a autora tem outros compromissos, e, neste livro, muitos amigos lhe esperam. Corra! Lá você vai poder passear à vontade diz a amiga da autora. Já está quase amanhecendo...

terça-feira, 3 de junho de 2008






Sobre:

Ou Isto ou Aquilo – Cecília Meireles
– Ed. Nova Fronteira – 16ª impressão – 1990
Organização: Walmir Ayala - Publicado pela 1ª vez em 1964

"Ler Cecília é uma dança. Mas cuidado, sua poesia pode te levar a voar por aí. E isto é fato. Se for ler, que seja em alto e bom som que é para assim colorir a vida. Foi assim que li, como menina. E quando cheguei lá adiante, no finalzinho, fui voltando, voltando, recolhendo as letrinhas, devagarinho até o início quando reli tudo sorrindo novamente".

Palavra por palavra a obra nos ensina, distrai e diverte com lindos poemas carregados de sonoridade e detalhes. Com o livro nas mãos e os olhos nos poemas não há leitor que a alegria não visite. A obra agrada tanto aos pequenos quanto aos maiorzinhos com sua doce criatividade. Os poemas, conjuntos estes de sonoras letras, sabem fazer uma energética batucada. O texto, o som, a alegria, o tom, enchem de magia o mundo da leitura nessa obra consagrada. POESIA sim, poesia com rimas, graça, leveza. Com ingênua transparência. Cecília faz-se especial pelo domínio de técnicas e por possuir uma jovial naturalidade expressa em seus 57 poemas espalhados em suas páginas. Tanto podem ser lidos na ordem em que foram escritos como também alternados, pois do mesmo modo divertem. Se optar por maior inventividade, poderá lê-los de baixo para cima, bem alto para brincar com a sonoridade. Sonhos, amor e amizade são alguns dos tema abordados sem em momento algum deixar de lado sua musicalidade. Contribui para engrandecer a obra as ilustrações da artista plástica argentina Beatriz Berman. Os desenhos passeiam nas páginas e de hora em hora vão dizendo: quero te ouvir, quero te ouvir... Acompanhar esta aventura no país da Cecília é rever a nossa mãe, sentar no colo da tia, ou deitar-se sob almofadas naquele cantinho da sala ouvindo o barulhinho das letras. Em algumas passagens o texto sobrepõe-se às imagens restando apenas visíveis, parte delas como no poema "A língua do Nhem" onde logo abaixo do texto, vê-se as patas dos animais que decoram a paisagem. Flutua-se lendo "Bolhas" da mesma forma que lambuzamo-nos lendo "Tanta Tinta". A autora antes de aprender a ler, ao brincar com os livros, imaginava-os cheios de vozes, vozes esta presentes na composição de cada um de seus versos. Na obra, estão presentes vários personagens, ao todo 22, que brincam de ciranda com os versos dando autenticidade a variedade dos temas. Na hora de conferir a gurizada, alguns tem que responder à chamada mais de uma vez, como a Arabela, a Carolina e o Raul, depois seguem a Maria, Mariana, a Marina, a Dulce o Chico a Pedrina...vão dando as mãos, fazendo roda com Olga, Olívio e Orfeu. E a Dalila anuncia: Eu li! E Célia, Lélia e Eulália complementam: Eu vi! Como Quintana, Cecília emociona. Não deixe de brincar. Continue lendo...

sábado, 10 de maio de 2008






Sobre:
Pequenas observações sobre a vida em outros planetas (infantil, poesia)
Ricardo Silvestrin

(1
ªedição, ed. Projeto, 1998 2ª edição, ed. Salamandra, 2004 Prêmio Açorianos de melhor livro infantil em 1999)

Um dos atrativos da obra é sem dúvida o polêmico título escolhido. Tema sempre atual e curioso apresentado no livro com humor e muita criatividade. A narrativa em forma de poemas descreve alguns mistérios da vida em outros planetas conduzindo a imaginação de maneira engraçada. Cria-se algumas imaginárias possibilidades permitindo aos leitores, habitantes de outras tribos, acompanharem esta jornada. É uma forma original de desvendar a curiosidade que todos tem quanto aos diferentes meios de vida em nosso universo. Composta por 17 poemas, todos nas páginas pares do livro, isto é, com exceção do último que dá fecho à obra, a viagem se faz de forma simpática e divertida. O único poema que se apresenta do lado esquerdo, na página ímpar, é o do planeta mudo, talvez por dizer muito em seu silêncio. Talvez seu autor tenha silenciosamente ali o colocado induzindo o leitor a pensar na importância de saber ouvir o silêncio que tanto nos diz. O silêncio ensina. Nos faz ouvir nossos pensamentos e toda criança já deve ir aprendendo. A Mariana Massarani é quem divide com o autor este sonho. Possuidora de afinidade junto ao tema em publicações próprias diverte a obra com suas criativas e alegres ilustrações. As representações gráficas servem de estímulo planetário de imaginações. Além de alegre, o visual é repleto de referências engraçadas. Interessante a teoria sobre vidas em outros planetas, sobre sua rotina, suas peculiaridades. O autor abraça o leitor e de forma simples e espontãnea o coloca na nave para dar um belo passeio. A forma como adotou a linguagem fixa de modo importante a identidade da obra junto ao processo lúdico/pedagógico tornando-a significativamente produtiva. Se eu fosse crítica literária, saberia com mais argumentos analisar a obra. Como estou do lado de cá, indico meus apontamentos como forma de demonstrar neste imenso mundo literário tudo que me agrada. O Silvestrin possui muitas qualidades que não devem ficar ocultas em naves a voar por aí, em quaisquer ares. Ele faz parte do rol de autores atuantes e bem sucedidos, e, talentos reconhecidos a parte, apresenta-se em nosso meio para mostrar-se, para apresentar a grandiosidade de seu trabalho. Ele é em sua linguagem publicitária o resultado de seu próprio custo-benefício. Há benefícios que favorecem a poucos e são caríssimos e há os que não custam tanto e tem imenso valor. É por aí que caminho batendo asas. São órbitas que freqüento. Estadas em outros mundos. Certamente são os anéis de saturno que misticamente me prendem a estes queridos autores que não estão aqui à toa.


segunda-feira, 5 de maio de 2008






Revista de Literatura e Arte - Grupo Rua dos Cataventos - Nº 1 - Ano I - Março de 2008 - OMNI Design gráfico

O Grupo Rua dos Cataventos de Literatura e Arte, publicou em março a 1ª edição de sua revista. O pessoal é de Montenegro e tem como objetivo fomentar a leitura e as artes divulgando, orientando e incentivando os interessados neste imenso e fascinante mundo cultural. A revista propõe debates, expõe fatos interessantes, lançando novas idéias e oportunidades para leitores e apaixonados. Variados conteúdos permitem que cidadãos dispostos a uma necessária transformação em nossa sociedade, ajam com seriedade, profissionalismo e dedicação. Os registros servem como um chamamento, um silvo, uma convocação, aos que circulam no meio. Servem como um tônico para que se levante esta bandeira no cumprimento dessa grandiosa missão. A edição traz novidades e informações sobre o que está acontecendo no meio cultural, acompanhadas de entrevistas, indicações e lançamentos de livros. Fala de bons exemplos que o projeto autor na sala de aula deixa em cada participante e do orgulho com que cada aluno recebe os Escritores visitantes. No caderno de leituras há colaborações nos gêneros, contos, crônicas e poesias. Importante ressaltar o conteúdo cultural que menciona encontros e atividades literárias desenvolvidas por alguns grupos como é o caso dos escritores e educadores que congregam a Confraria Reinações de Porto Alegre, que reunidos uma vez por mês, discutem obras infanto-juvenis. Presente também no belo exemplar, totalmente impresso em papel reciclado; arte, teatro e humor ilustrados com talento pelo fotógrafo Ângelo Daudt. A revista tem como presidente Cristiane Souza Tain e jornalista, a Graziela Wolfart que também atua como vice-presidente. Na equipe de colaboradores, nomes significativos como Caio Riter, Marcelo Spalding, Oscar Filho, Carina Luft, além da Fundarte, Associação Gaúcha de Escritores, entre outros. Amor, profissionalismo e dedicação foram motivos suficientes para que o grupo de “cataventeiros”, preocupados com o futuro, a cultura, e a educação, mobilizasse esforços na confecção do importante instrumento que servirá, certamente, a outros, como uma fonte de pesquisa e informação. A revista Cataventos é um informativo Cultural do Grupo Rua dos Cataventos de Literatura e Arte, e possui publicação trimestral. Sua distribuição é gratuíta para escolas, bibliotecas, prefeituras e órgãos culturais.

por Maira Knop – Relações Públicas / Poeta

segunda-feira, 21 de abril de 2008












Sobre:
O Menos Vendido - Ricardo Silvestrin - Nanquim Editorial - 2006
PRÊMIO AÇORIANOS 2007 - Categoria poesia

Ler O Menos Vendido é perceber o espírito do Silvestrin. Sua essência repousa em sua poesia. Identidade expressa na obra dividida em três partes que retratam em transparências o próprio poeta. A obra não faz distinção entre os grupos de poemas que ora centralizados, ora alinhados à esquerda, com ou sem título, orientam os caminhos do olhar conduzindo-o a novas frentes. Sob o título Manchas tem início a obra com poemas novidade. Ficam depositados ali, os grandes, os menores, os imensos os pequenos, jamais em tamanho mas sim em pura expressividade. No passeio alguns poemas apresentam número ao invés de título e outros mais ousados trazem ambas as formas como que disfarçadamente não tivessem a intenção de evocar a atenção do sensível leitor. Junto aos poemas, à esquerda das páginas registra-se o nome da obra ficando o espaço a direita destinado ao nome do autor, posto ali como um brocado. Na segunda parte, intitulada "quieto em meu canto", a poesia envolve o leitor a partilhar do comportamento adotado pelo autor expresso em tons vermelhos nos versos/então, doutor, esse aperto é coisa de poeta?/ referindo-se ao coração. Registra-se ali a contundência de seus versos quando, como quem desvincula-se do mundo/peço licença para pensar com minha cabeça/essa foi minha sentença/confessa e assina sua genialidade. Na terceira e última parte do livro chamada de "a poesia de cada dia" registram-se os versos como se fizessem parte de um diário de bordo, em apontamentos datados dentro de sua invenção estética. Impossível ao conduzir os olhos sobre a obra, não desvendar das particularidades do poeta, do que despeja/constrói em sua criação. Seus versos livres, extravagantes e contestadores viajam no preto neutro de suas observações. De quando em quando deslocam-se sem o mínimo esforço em versos aerados, leves, coloridos e debochados na vitrine das páginas dessa emoção. O autor com sua criativa destreza pontua com incontestável percepção as fibras que envolvem as relações do cotidiano trabalhando-as dentro de uma cristalina e tão nossa verdade. Mixando várias tendência, escolas e linguagens a obra agrada por sua humilde maturidade.

quinta-feira, 17 de abril de 2008













Sobre:

O Fazedor de Balões
- Mario Pirata - Mercado Aberto - UPF Editora
PRÊMIO AÇORIANOS 2002 - Categoria Poesia Infantil

O livro do Mario Pirata da série O Menino Poeta é divertido e criativo como a imaginação do autor. Sua poesia, um misto de questionamentos e musicalidade é retratada com inocentes brincadeiras e canções infantis incentivando o leitor a passear e lambuzar-se em sua doce fantasia. Aventura temperada de prazer e humor tem como marca a sensibilidade e alegria dos versos que encontram-se presentes na obra em divertidas criações. O tema trata de bichos, canções, lugares, curiosidades, brincadeiras e misturanças que o Mario expressa de maneira imaginativa, infantil e inocente utilizando-se de vários estilos e recursos de linguagem. Vai dando voltas, brincando de roda nos versos levando consigo um rastro de alegorias contentes. No poema “minhocas”, à pág.16, o autor repete propositadamente em cada início de estrofe os versos - era uma vez - como se pretendesse começar uma nova história sobre o mesmo personagem em um novo cenário no mesmo tempo. Diverte-se com o fato de o leitor imaginar tratar-se de uma família de minhocas cada qual com suas preferências e características próprias, ou ser apenas uma mesma, fingindo-se várias. Na página seguinte, convida o leitor a retratar suas figuras ilustrando o poema. O livro ilustrado por Leonardo Menna Barreto Gomes, em sua 2ª edição, vencedor do Prêmio Açorianos 2002 na categoria poesia infantil, apresenta em uma riqueza de traços e coloridos desenhos um forte atrativo que abraça um por um dos poemas. Em cada página mora um interessante e atraente desenho. Eles vivem no livro. Fundem-se ao texto. A obra já chama a atenção nas primeiras páginas onde o autor imprime ali, no cantinho, seu grande senso de humor fazendo uma brincadeira na dedicatória do mesmo. Mario não se contém e já no início, brinca com sua homenageada. O livro compõe-se de 21 poemas que faz-se sério quando aborda temas sociais trazendo como diferencial o índice à esquerda da última página seguido de uma minibiografia, à direita onde estão apontadas algumas particularidades e trabalhos do autor. O brincadeiro comanda a trilha de poesias sonoras com o intuito de alegremente conduzir os leitores a percorrerem juntos os seus felizes sonhos.